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Seca e calor intenso prejudicam plantações nas regiões mais quentes do Estado.

Lavouras de milho na região de Palotina, no Oeste do Paraná, já registram até 100% de perdas devido à estiagem e ao forte calor. “Há casos que não tem mais o que ser feito, a perda é total”, afirma Edmilson Zabott, presidente do Sindicato Rural do município. Ele destaca que a falta de chuva e as altas temperaturas registradas, principalmente no mês de março, ocasionaram prejuízos jamais vistos.

Até o momento, as perdas no cereal são pontuais. Na estimativa divulgada no final de março, o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento projetou a safra do Estado em 14,2 milhões de toneladas, 400 mil toneladas abaixo da expectativa de fevereiro.

A produtividade estadual tem queda esperada de 2% em comparação com o ciclo 2022/23, para 5.861 quilos por hectare. Em Toledo e Umuarama, também na região Oeste, o recuo estimado para a safra é de 17% e 34%, respectivamente.

O produtor rural Jonas Mário Vendruscolo cultiva milho em 400 hectares distribuídos em várias áreas na região. Com previsão de dar início à colheita em junho, ele já lamenta a perda de 100% da plantação em algumas dessas áreas. Naquelas em que a cultura conseguiu se estabelecer, ele acredita que as perdas ficarão entre 20% a 50%.

“Foram 66 dias praticamente sem chuva”, comenta. Além da estiagem, o cenário de seca foi reforçado pelo calor intenso, com temperaturas que chegaram a 44º C, durante vários dias seguidos, no mês de março.


Lavoura de milho afetada pela falta de chuva em Palotina (PR)

Mesmo para a região que é tradicionalmente quente no período, o calor foi atípico e atingiu as plantas nas fases de floração, incluindo o fim do estádio vegetativo e o início do reprodutivo, quando se define o potencial produtivo do milho. Com isso, explica Jonas - que é agrônomo -, as plantas não cresceram o suficiente.

A planta do milho chega normalmente a 2,5 metros e, conforme o agricultor - que tem 1,85 metro de altura - há plantas mais baixas do que ele na lavoura. Também há casos em que não houve nem emissão de espiga e em outros a espiga deve ficar estéril, sem produzir grãos.

Ele estima que toda a região deve ter uma redução de 50% a 55% do potencial produtivo do milho. Nas suas lavouras, a previsão é de colher entre 55 sacas a 60 sacas por hectare. O volume é bem abaixo das 166 sacas por hectare colhidas na safra anterior - que foi “fora da curva”, frisa Jonas - e menor do que a produtividade média da região, que é de 120 sacas por hectare. “Vou colher o equivalente a um terço da safra anterior”, avalia.

Nas áreas em que 100% da plantação foi perdida, o produtor manterá a braquiária, cultivada em consórcio com o milho, para vegetar e formar a adubação verde no sistema de plantio direto, adotado nas propriedades. “E ficar com o prejuízo no bolso”, completa.

Jonas afirma que, assim como ele, a maioria dos produtores não optou pelo seguro na região e há casos de conhecidos dele que estão vendendo bens para poder pagar as contas. “Boa parte dos produtores não terá como honrar com as contas da safrinha”, adverte.

Edmilson Zabott, presidente do sindicato, comenta que aqueles produtores que possuem seguro já estão buscando a liberação. No caso de quem perdeu a produção - o sindicato ainda não tem o levantamento - vários estão roçando a área para o plantio de cobertura, adubação ou da safra de trigo. “O produtor quer tentar fazer alguma coisa para obter uma renda”, ressalta.

Ele explica que a entidade trabalha para buscar melhores condições para que os agricultores possam renegociar suas dívidas, tendo em vista que a liberação do governo federal não é suficiente para atender a demanda.

“Desde a safra 2021/22, com perdas na soja e no milho safrinha, os produtores têm tido dificuldade para cumprir seus compromissos. Para aqueles que não optaram pelo seguro, a situação é ainda mais difícil”, lamenta Zabott.


Em Francisco Alves (PR), as perdas do potencial produtivo nas lavouras de milho podem chegar a mais de 70% por causa do clima

“O pior está por vir”

Em Francisco Alves - município próximo de Palotina -, na região Noroeste, as perdas do potencial produtivo nas lavouras de milho podem chegar a mais de 70% por causa do clima. Segundo o agrônomo Ricardo Raimondi, que atua na localidade, em propriedades em que se esperava colher 120 sacas por hectare, há previsão de colheita de 40 sacas por hectare em média. Há ainda aqueles em situação mais crítica, que devem colher bem menos.

“Historicamente, essa região sofre com períodos sem chuva, mas este ano foi atípico, com temperaturas muito elevadas junto com a estiagem”, comenta Raimondi. Com média de 40º C por dias seguidos, ele também explica que o clima prejudicou a fase de desenvolvimento reprodutivo do milho.

“O pior está por vir”, prevê o produtor Ricardo Paludo, que cultiva 1.700 hectares do grão em áreas na região de Francisco Alves. Ele fez um vídeo para mostrar a situação da lavoura e acredita que o percentual de perdas na sua propriedade deve superar 50%. Nem mesmo a chuva que chegou a alguns pontos da região desde o último domingo deve mudar as previsões.

Seca danifica lavouras de milho no Paraná, Confira o vídeo aqui.

Com duas safras por ano na fazenda - soja verão e milho safrinha -, ele conta que está há seis safras no vermelho. No ano passado, a produtividade na lavoura de milho foi de 120 sacas por hectare. Para este ano, o produtor espera colher menos da metade. “A cultura do milho não gosta de calor”, explica. Ricardo pretende iniciar a colheita na próxima semana, para evitar que episódios de ventos derrubem as plantas que estão fracas.

As consequências do clima são reveladas em fotos feitas em lavouras da região, que mostram plantas com as folhas queimadas pelo calor, pés derrubados no chão e espigas de milho com falhas de grãos.

Gilmar Jung, produtor na fazenda vizinha à de Ricardo, efetuou o plantio do milho mais tarde - numa área de 200 hectares - e, ainda assim, espera colher em torno de 40 sacas por hectare. Ele só deve iniciar a colheita no mês de julho. “Atrasei o plantio, mas ainda assim vou colher pouco”, afirma.

Edamir Jair Salvador, presidente do Sindicato Rural de Iporã, município vizinho a Francisco Alves, diz que as perdas do milho plantado na região serão acima de 50%. “Principalmente daqueles que plantaram mais cedo e pegaram a onda forte de calor. Já o milho mais novo talvez possa recuperar com a chuva dos últimos dias”, acredita.

Edmilson Zabott, presidente do Sindicato Rural de Palotina, acrescenta que a falta de chuva e as altas temperaturas causaram prejuízos em várias atividades agrícolas na região, incluindo piscicultura, avicultura e pecuária de leite, devido à perda de qualidade na silagem.

Original de Globo Rural

Jurídico, Gestão, Inovação e Tecnologia são os quatro pilares de consultoria e assessoria no Agronegócio da Foraster Agrointeligência.

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Estiagem no Paraná Gera Perdas de até 100% em Lavouras de Milho

Seca e calor intenso prejudicam plantações nas regiões mais quentes do Estado.

Lavouras de milho na região de Palotina, no Oeste do Paraná, já registram até 100% de perdas devido à estiagem e ao forte calor. “Há casos que não tem mais o que ser feito, a perda é total”, afirma Edmilson Zabott, presidente do Sindicato Rural do município. Ele destaca que a falta de chuva e as altas temperaturas registradas, principalmente no mês de março, ocasionaram prejuízos jamais vistos.

Até o momento, as perdas no cereal são pontuais. Na estimativa divulgada no final de março, o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento projetou a safra do Estado em 14,2 milhões de toneladas, 400 mil toneladas abaixo da expectativa de fevereiro.

A produtividade estadual tem queda esperada de 2% em comparação com o ciclo 2022/23, para 5.861 quilos por hectare. Em Toledo e Umuarama, também na região Oeste, o recuo estimado para a safra é de 17% e 34%, respectivamente.

O produtor rural Jonas Mário Vendruscolo cultiva milho em 400 hectares distribuídos em várias áreas na região. Com previsão de dar início à colheita em junho, ele já lamenta a perda de 100% da plantação em algumas dessas áreas. Naquelas em que a cultura conseguiu se estabelecer, ele acredita que as perdas ficarão entre 20% a 50%.

“Foram 66 dias praticamente sem chuva”, comenta. Além da estiagem, o cenário de seca foi reforçado pelo calor intenso, com temperaturas que chegaram a 44º C, durante vários dias seguidos, no mês de março.


Lavoura de milho afetada pela falta de chuva em Palotina (PR)

Mesmo para a região que é tradicionalmente quente no período, o calor foi atípico e atingiu as plantas nas fases de floração, incluindo o fim do estádio vegetativo e o início do reprodutivo, quando se define o potencial produtivo do milho. Com isso, explica Jonas - que é agrônomo -, as plantas não cresceram o suficiente.

A planta do milho chega normalmente a 2,5 metros e, conforme o agricultor - que tem 1,85 metro de altura - há plantas mais baixas do que ele na lavoura. Também há casos em que não houve nem emissão de espiga e em outros a espiga deve ficar estéril, sem produzir grãos.

Ele estima que toda a região deve ter uma redução de 50% a 55% do potencial produtivo do milho. Nas suas lavouras, a previsão é de colher entre 55 sacas a 60 sacas por hectare. O volume é bem abaixo das 166 sacas por hectare colhidas na safra anterior - que foi “fora da curva”, frisa Jonas - e menor do que a produtividade média da região, que é de 120 sacas por hectare. “Vou colher o equivalente a um terço da safra anterior”, avalia.

Nas áreas em que 100% da plantação foi perdida, o produtor manterá a braquiária, cultivada em consórcio com o milho, para vegetar e formar a adubação verde no sistema de plantio direto, adotado nas propriedades. “E ficar com o prejuízo no bolso”, completa.

Jonas afirma que, assim como ele, a maioria dos produtores não optou pelo seguro na região e há casos de conhecidos dele que estão vendendo bens para poder pagar as contas. “Boa parte dos produtores não terá como honrar com as contas da safrinha”, adverte.

Edmilson Zabott, presidente do sindicato, comenta que aqueles produtores que possuem seguro já estão buscando a liberação. No caso de quem perdeu a produção - o sindicato ainda não tem o levantamento - vários estão roçando a área para o plantio de cobertura, adubação ou da safra de trigo. “O produtor quer tentar fazer alguma coisa para obter uma renda”, ressalta.

Ele explica que a entidade trabalha para buscar melhores condições para que os agricultores possam renegociar suas dívidas, tendo em vista que a liberação do governo federal não é suficiente para atender a demanda.

“Desde a safra 2021/22, com perdas na soja e no milho safrinha, os produtores têm tido dificuldade para cumprir seus compromissos. Para aqueles que não optaram pelo seguro, a situação é ainda mais difícil”, lamenta Zabott.


Em Francisco Alves (PR), as perdas do potencial produtivo nas lavouras de milho podem chegar a mais de 70% por causa do clima

“O pior está por vir”

Em Francisco Alves - município próximo de Palotina -, na região Noroeste, as perdas do potencial produtivo nas lavouras de milho podem chegar a mais de 70% por causa do clima. Segundo o agrônomo Ricardo Raimondi, que atua na localidade, em propriedades em que se esperava colher 120 sacas por hectare, há previsão de colheita de 40 sacas por hectare em média. Há ainda aqueles em situação mais crítica, que devem colher bem menos.

“Historicamente, essa região sofre com períodos sem chuva, mas este ano foi atípico, com temperaturas muito elevadas junto com a estiagem”, comenta Raimondi. Com média de 40º C por dias seguidos, ele também explica que o clima prejudicou a fase de desenvolvimento reprodutivo do milho.

“O pior está por vir”, prevê o produtor Ricardo Paludo, que cultiva 1.700 hectares do grão em áreas na região de Francisco Alves. Ele fez um vídeo para mostrar a situação da lavoura e acredita que o percentual de perdas na sua propriedade deve superar 50%. Nem mesmo a chuva que chegou a alguns pontos da região desde o último domingo deve mudar as previsões.

Seca danifica lavouras de milho no Paraná, Confira o vídeo aqui.

Com duas safras por ano na fazenda - soja verão e milho safrinha -, ele conta que está há seis safras no vermelho. No ano passado, a produtividade na lavoura de milho foi de 120 sacas por hectare. Para este ano, o produtor espera colher menos da metade. “A cultura do milho não gosta de calor”, explica. Ricardo pretende iniciar a colheita na próxima semana, para evitar que episódios de ventos derrubem as plantas que estão fracas.

As consequências do clima são reveladas em fotos feitas em lavouras da região, que mostram plantas com as folhas queimadas pelo calor, pés derrubados no chão e espigas de milho com falhas de grãos.

Gilmar Jung, produtor na fazenda vizinha à de Ricardo, efetuou o plantio do milho mais tarde - numa área de 200 hectares - e, ainda assim, espera colher em torno de 40 sacas por hectare. Ele só deve iniciar a colheita no mês de julho. “Atrasei o plantio, mas ainda assim vou colher pouco”, afirma.

Edamir Jair Salvador, presidente do Sindicato Rural de Iporã, município vizinho a Francisco Alves, diz que as perdas do milho plantado na região serão acima de 50%. “Principalmente daqueles que plantaram mais cedo e pegaram a onda forte de calor. Já o milho mais novo talvez possa recuperar com a chuva dos últimos dias”, acredita.

Edmilson Zabott, presidente do Sindicato Rural de Palotina, acrescenta que a falta de chuva e as altas temperaturas causaram prejuízos em várias atividades agrícolas na região, incluindo piscicultura, avicultura e pecuária de leite, devido à perda de qualidade na silagem.

Original de Globo Rural

Jurídico, Gestão, Inovação e Tecnologia são os quatro pilares de consultoria e assessoria no Agronegócio da Foraster Agrointeligência.

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