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10 de June de 2019Maior produtor nacional, Rio Grande do Sul tem quarto aumento de área seguido em 2023.
O Rio Grande do Sul está plantando mais canola. Números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam para o quarto crescimento seguido de área no Estado, que concentra quase toda a produção nacional. Produtores e lideranças do agronegócio local contam que o grão tem sido cultivado, principalmente, para rotação de culturas, mas também há expectativa de ganho econômico.
“A canola está se desenvolvendo. São opções que estamos buscando para rotação e correção do solo, mas que podem ser também uma alternativa de renda”, analisa Moacir Magalhães Medeiros, presidente do Sindicato Rural de Cruz Alta (RS).
Na safra deste ano, a Conab estima um plantio de 81,5 mil hectares com canola no Rio Grande do Sul, 49,8% a mais que no ano passado, quando foram semeados 54,4 mil hectares.
A produção deve totalizar 101,5 mil toneladas, aumento de 6,8% na mesma comparação. É a primeira vez na série histórica que a colheita deve superar 100 mil toneladas. A de 2022 foi estimada em 95 mil toneladas.
A produtividade deve cair, de 1,7 para 1,2 tonelada por hectare, segundo a Conab. O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Canola (Abrascanola), Vantuir Scarantti, avalia que é muito cedo para estimar o rendimento. Diz que algumas lavouras já colhidas têm apresentado média de 1,5 tonelada por hectare, mas considera possível que áreas novas de plantio apresentem rendimentos menores.
No Rio Grande do Sul, o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) permite o plantio da canola a partir da segunda quinzena de março. Mas a maior parte das lavouras é semeada entre abril e maio. A colheita tem sua principal fase entre setembro e outubro.
No relatório de acompanhamento de safra de grãos referente ao mês de agosto, a Conab informa que o plantio já está encerrado e que as lavouras gaúchas, de modo geral, estão com bom desenvolvimento. Intempéries, como geada ou vento, não causaram perdas relevantes nas plantações.
"Em face da descapitalização dos produtores devido à quebra das safras das culturas de verão, observa-se médio investimento no campo para a atual safra da canola", avalia a Conab.
Segundo a Conab, lavouras gaúchas, de modo geral, estão com bom desenvolvimento
Saúde do solo
No município de Santa Maria (RS), o agricultor Roberto Balsan conta que começou a plantar canola há dois anos para rotação de culturas. Ele diz utilizar o grão em revezamento com milho e trigo no inverno, visando manter a saúde do solo.
"Um ano, podemos plantar trigo; outro ano, canola. Com uma rotação canola, milho e trigo, vamos rodando as áreas com as culturas e conseguimos fazer uma agricultura mais sustentável”, explica.
Na safra de verão 2022/23, Balsan foi um de muitos que tiveram quebras na produção por causa da estiagem e das altas temperaturas que atingiram o Rio Grande do Sul. E a canola, junto com o trigo, ajudou a aliviar perdas.
“Foi um ano bom. Não deixou uma rentabilidade tão grande, mas não deu prejuízo. Precisamos de culturas diferentes para diminuir os riscos.”
No ano passado, Balsan plantou 40 hectares com canola. Neste ano, 100. A ideia, segundo ele, é aumentar gradativamente para conhecer cada vez mais a cultura. “A lavoura está florida e está indo bem”, afirma o agricultor.
Em Santa Maria, a área estimada com canola é de cerca de 10 mil hectares, de acordo com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Sul (Emater-RS). Segundo o levantamento, 40% das lavouras estão em desenvolvimento vegetativo, 45% em floração, e 15% em fase de enchimento de grão.
"Além de ser uma oleaginosa muito interessante comercialmente, a canola tem todos os atributos das culturas de inverno para a rotação. Usa defensivos diferentes, sistema radicular diferente, decomposição de matéria orgânica diferente. Tudo isso se soma no sistema produtivo”, explica o gerente regional da Emater-RS em Santa Maria, Guilherme Passamani.
Segundo ele, a conciliação da canola com outras culturas é positiva para o próprio ciclo de inverno e também para o sistema produtivo como um todo. Utilizada com o planejamento adequado, pode contribuir para a saúde do solo na safra de verão, beneficiando também a produtividade das culturas de soja e milho.
“Entra muito bem nesse sistema e permite fazer um manejo mais adequado do sistema produtivo. Entra como uma ferramenta para otimizar a área, potencializar o uso da área, qualificar a adubação do solo para, na safra principal, ter uma produção maior e uma segurança sanitária”, acrescenta Passamani.
Mercado
Além do ganho agronômico, o mercado pode ser um atrativo, afirma Vantuir Scarantti, da Abrascanola. Plantada no inverno, com o trigo, a oleaginosa tem preço atrelado ao da soja. Em média, a cotação de uma oscila entre 85% e 90% da outra.
Assim, atualmente, uma saca de canola no Rio Grande do Sul vale de R$ 115 a R$ 120, segundo o presidente da associação. Uma saca de 60 quilos de trigo valia, em média, no Estado, R$ 65,61 na semana encerrada em 17 de agosto, conforme boletim da Emater/RS.
“No Rio Grande do Sul, é uma renda interessante para meados de outubro ou novembro. A canola tem uma precificação muito pré-definida e uma garantia de compra. E a logística no Estado facilita, porque as indústrias estão onde está grande parte da produção”, resume Scarantti.
Outro Estado onde se produz canola no Brasil é o Paraná, embora com uma representatividade bem menor. A previsão da Conab para este ano é de estabilidade na área plantada, com apenas 800 hectares, e uma produção estimada em 1,2 mil toneladas.
Original de Globo Rural
Jurídico, Gestão, Inovação e Tecnologia são os quatro pilares de consultoria e assessoria no Agronegócio da Foraster Agrointeligência.