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A Associação Brasileira de Proteína Animal destaca: 67% da proteína produzida em solo nacional fica para o mercado interno.

“Corpo, meu velho companheiro,
nós pereceremos juntos.
Como não te amar, forma a quem me assemelho,
se é nos teus braços que abarco o universo.”
Marguerite Yourcenar

De 1960 para cá, o número de habitantes do planeta cresceu 2,5 vezes: de 3 bilhões para 8 bilhões de pessoas. Já o consumo de carne bovina, suína, de frango e ovina cresceu cinco vezes, passando de 71 milhões de toneladas em 1961 para 339 milhões em 2021. O planeta consome por ano 133 milhões de toneladas de carne de frango, 110 milhões de suína, 72 milhões de bovina e 16 milhões de ovina e caprina. A carne é boa ou má? A carne é fraca ou forte? Há algo de errado com a carne?

Para a FAO e a OCDE, o consumo mundial de carne deverá crescer 15% até 2031 (17% a suína; 16% a de frango e 4% a bovina). E 75% desse aumento virá dos países em desenvolvimento. O consumo médio mundial de carne por habitante passou de cerca de 20 quilos (em 1960) para cerca de 43 quilos. Além da expansão da população, o consumo cresceu porque aumentou o número de pessoas capazes de pagar por um alimento cujo preço, mesmo com tendência de queda, é superior ao dos cereais e leguminosas.

Estimativas do consumo atual de carne variam entre diversos estudos e estatísticas. No essencial, os dados são convergentes: quanto mais rico um país, maior é o seu consumo de carne por habitante. Os maiores consumidores de carne do mundo — de 100 a 120 quilos por habitante ao ano — são Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia e Kuwait. Esse consumo é mais de 20 vezes superior à média de países como Bangladesh, Índia, Burundi e outros africanos, da ordem de 4 quilos por habitante ao ano.



Na segunda posição dos grandes consumidores de carne, na faixa de 90 a 100 quilos por habitante ao ano, estão países ricos como Israel, Canadá, parte da Europa Ocidental, além da carnívora Argentina. A média na União Europeia é da ordem de 85 quilos por habitante ao ano. Lidera o ranking a Espanha (100 quilos), seguida por Portugal (94 quilos), Polônia (89 quilos) e Alemanha (88 quilos). No fim da linha está a Bulgária com 43 quilos por habitante ao ano.

A China é um exemplo de como o crescimento da renda se reflete no aumento do consumo de carne da população. O país consumia menos de 5 quilos por habitante antes de 1960. Hoje, o consumo é da ordem de 60 quilos por habitante ao ano. E a China é o maior mercado de consumo de carne do planeta.

O aumento no consumo de carne é sempre acompanhado por uma redução na aquisição de outros alimentos. No Brasil, essa evolução alimentar se traduziu em menos arroz e feijão, e mais frango. Em quatro décadas, o consumo per capita de arroz e feijão caiu 40% e o de carne cresceu 195%. O consumo médio de frango saltou de 2 quilos em 1980 para quase 48 quilos por habitante ao ano. Houve um extraordinário crescimento da oferta e uma redução constante dos preços, resultado da intensificação e tecnificação da avicultura.


Criação de galos e galinhas em granja avícola, no Brasil

A Associação Brasileira de Proteína Animal destaca: 67% da proteína produzida em solo nacional fica para o mercado interno. Ainda assim, o Brasil é o maior exportador e o segundo produtor mundial de carne de frango. Em 2022, exportou 4,8 milhões de toneladas, a mais de 150 países. Aqui, o consumo total de carne se situa num terceiro grupo de países, na faixa de 80 a 90 quilos por habitante ao ano, com Uruguai, Eslovênia, Inglaterra e outros. Ele é mais de dez vezes superior ao de países africanos como Eritreia, Etiópia, Moçambique, Gâmbia, Malawi, Ruanda, Níger e outros.

A Organização Mundial da Saúde recomenda consumir 70 gramas de carne por dia para homens e 55 gramas para mulheres (um bife magro e pequeno). Por ano, os homens deveriam consumir 25,5 quilos de carne; e as mulheres, 20 quilos. Apesar do crescente número de veganos e vegetarianos, das “carnes” vegetais, das promessas de “carne” de laboratório e dos riscos associados ao consumo de carne, sobretudo as processadas, há gente comendo muito além do adequado.

Além de argumentos éticos e morais contra matar animais e até explorá-los, o consumo de carne enfrenta outras críticas. Ele é responsabilizado por parte das “mudanças climáticas”, dada a produção mesentérica de gases de efeito estufa pelos ruminantes e o desmatamento resultante da extensão das pastagens. Reduzir os rebanhos não é só um apelo ambientalista. Agora começa a ser política de Estado, praticada como crença religiosa, como na Holanda. E lá, com forte resposta política de produtores batavos. Campanhas como a “Segunda Sem Carne“, surgida nos Estados Unidos em 2003, levaram à demissão do diretor de marketing do Bradesco em caráter irrevogável, em 2022, diante da forte reação dos pecuaristas brasileiros. Já os movimentos pelo bem-estar animal contribuíram para a incorporação do tema e a evolução dos sistemas de produção de carne, leite e ovos.

Propaganda do Bradesco que incentiva os consumidores a evitar comer carne às segundas-feiras, CLIQUE AQUI.

Em última instância, muitos movimentos contra o consumo de carne e os sistemas modernos de produção defendem a extinção da pecuária. No pano de fundo inconsciente de todos, há uma crítica milenar à carne, como algo negativo, aplicada aos próprios humanos. Baseada até em distorcidos argumentos bíblicos sobre nossa animalidade.

A palavra “carne” vem do latim caro, do indo-europeu ker-, e significa “cortar, tirar pedaços”. Com simplismo, certas doutrinas espiritualistas e narrativas religiosas opõem a carne ao espírito na pessoa humana. Na tradição ocidental, judaica e cristã, a carne não pode ser identificada com o corpo nem com a matéria. Há erros históricos na compreensão desse tema. A carne é o complexo psicofísico humano em sua existência concreta e total. Ela é o fundamento último e a expressão da pessoa, carregada e expressa no corpo. A carne é, ontologicamente, acme do Eros.

Na mitologia grega, Eros era filho de Vênus e o Deus do Amor. No sentido psicológico, Eros traz à lembrança o princípio da ação, símbolo do desejo, cuja energia é a libido. Por que a erótica palavra “carne” se presta a tanta confusão? Para muitos, a carne “é fraca” por ser ligada à matéria. E torna-se um equivalente do mal, sinal de pecado e perdição. Não seria a carne de essência divina, como a psique?


Estátua de Eros em Piccadilly Circus, Londres

A etimologia grega da palavra “carne” é kreas; da mesma raiz, kreion, “o chefe soberano”; kreisson, “o melhor”; kratos, “a força”; como Creonte na Antígona e kreiussa, “a rainha”. Por essas palavras, em particular a última, à luz do grego, a carne é ligada ao feminino, ao melhor, ao mais forte e à realeza.

A tradição judaica confirma o mesmo entendimento: a palavra basar (“carne”) é escrita, em hebraico, com três letras: beit, shim e reich. A letra shim, no centro, detém o Shem, “o segredo do Nome (D-us), força e realeza”. A palavra basar pode ser lida como “no principado”, invertendo-se uma letra. À luz do hebraico, a carne, basar, é o lugar do último casamento do Homem com si mesmo, na realeza adquirida na essência. A carne é boa. Toda carne é boa?

Quando o potencial erótico da carne é levado ao exterior do ser, pode ser fonte de todos os males. Quando alimenta fixação, apego exagerado a uma pessoa, objeto ou situação. Quando o potencial erótico é fonte interior de sabedoria e de desfrute espiritual, o humano aproxima-se de sua essência. Adão, diante da criação de Eva, proclama: “Esta aqui é osso dos meus ossos, carne de minha carne” (Gênesis 2:23). Ela é “essência de minha essência”.


Adão e Eva, em A Queda do Homem, por Hendrick Goltzius, 1616

“O termo de toda a carne é chegado diante da minha face, diante de mim” (Gênesis 6:13), diz Deus a Noé. A expressão “diante de mim” representa o nível ontológico. “Toda a carne”, kol basar em hebreu, equivale ao pan kreas grego, com toda a simbologia desse órgão. Toda a carne será mobilizada por Deus para entrar em seu termo, realização, acabamento e profundidade. Como na profecia de Jeremias: “Eu, o Senhor, sou o Deus de toda a carne” (Jeremias 32:27).

A carne é forte. O mundo seguirá carnívoro. E não vegetariano ou antropofágico, como desejava o Modernismo brasileiro

A carne, basar, leva uma mensagem, um anúncio. Não é uma má notícia. A palavra “boa-nova”, “evangelho” — euangelion em grego —, é besorá em hebraico. Tem a mesma raiz de “carne”, basar. A realização de toda carne, na totalidade, no sentido antropológico, econômico, social e cultural é promessa evangélica, entendida, em parte, como o progresso no Ocidente.

A carne é forte. O mundo seguirá carnívoro. E não vegetariano ou antropofágico, como desejava o Modernismo brasileiro. O país seguirá produzindo, exportando e consumindo carnes, as mais diversas, cada vez mais. Sinal de progresso, tecnologia, inovação e competitividade.

A carne é fraca. Apesar dos ideais do veganismo e de outras perspectivas vegetarianas, dos delicta carnis e dos avisos e campanhas, as falsas promessas de picanha ao povo pobre ainda ajudam a ganhar eleição no Brasil e alhures. Sinal de?

Na busca humana de nossa humanidade, esta carne e este corpo são nossa última terra! Respire, caro de carne mea. Haverá sempre um abismo entre esta realidade ontológica, a busca desta terra essencial e de seu hálito, e o comer carne ou abóbora, como se picanha fosse, na laje. N’en déplaise.


Rebanho de gado Nelore na Região Nordeste do Brasil 

Por Evaristo de Miranda

Original de Revista Oeste

Jurídico, Gestão, Inovação e Tecnologia são os quatro pilares de consultoria e assessoria no Agronegócio da Foraster Agrointeligência.

Contato@foraster.com.br

Foraster.com.br 

Planeta Carnívoro e Antropofágico

A Associação Brasileira de Proteína Animal destaca: 67% da proteína produzida em solo nacional fica para o mercado interno.

“Corpo, meu velho companheiro,
nós pereceremos juntos.
Como não te amar, forma a quem me assemelho,
se é nos teus braços que abarco o universo.”

Marguerite Yourcenar

De 1960 para cá, o número de habitantes do planeta cresceu 2,5 vezes: de 3 bilhões para 8 bilhões de pessoas. Já o consumo de carne bovina, suína, de frango e ovina cresceu cinco vezes, passando de 71 milhões de toneladas em 1961 para 339 milhões em 2021. O planeta consome por ano 133 milhões de toneladas de carne de frango, 110 milhões de suína, 72 milhões de bovina e 16 milhões de ovina e caprina. A carne é boa ou má? A carne é fraca ou forte? Há algo de errado com a carne?

Para a FAO e a OCDE, o consumo mundial de carne deverá crescer 15% até 2031 (17% a suína; 16% a de frango e 4% a bovina). E 75% desse aumento virá dos países em desenvolvimento. O consumo médio mundial de carne por habitante passou de cerca de 20 quilos (em 1960) para cerca de 43 quilos. Além da expansão da população, o consumo cresceu porque aumentou o número de pessoas capazes de pagar por um alimento cujo preço, mesmo com tendência de queda, é superior ao dos cereais e leguminosas.

Estimativas do consumo atual de carne variam entre diversos estudos e estatísticas. No essencial, os dados são convergentes: quanto mais rico um país, maior é o seu consumo de carne por habitante. Os maiores consumidores de carne do mundo — de 100 a 120 quilos por habitante ao ano — são Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia e Kuwait. Esse consumo é mais de 20 vezes superior à média de países como Bangladesh, Índia, Burundi e outros africanos, da ordem de 4 quilos por habitante ao ano.

Na segunda posição dos grandes consumidores de carne, na faixa de 90 a 100 quilos por habitante ao ano, estão países ricos como Israel, Canadá, parte da Europa Ocidental, além da carnívora Argentina. A média na União Europeia é da ordem de 85 quilos por habitante ao ano. Lidera o ranking a Espanha (100 quilos), seguida por Portugal (94 quilos), Polônia (89 quilos) e Alemanha (88 quilos). No fim da linha está a Bulgária com 43 quilos por habitante ao ano.

A China é um exemplo de como o crescimento da renda se reflete no aumento do consumo de carne da população. O país consumia menos de 5 quilos por habitante antes de 1960. Hoje, o consumo é da ordem de 60 quilos por habitante ao ano. E a China é o maior mercado de consumo de carne do planeta.

O aumento no consumo de carne é sempre acompanhado por uma redução na aquisição de outros alimentos. No Brasil, essa evolução alimentar se traduziu em menos arroz e feijão, e mais frango. Em quatro décadas, o consumo per capita de arroz e feijão caiu 40% e o de carne cresceu 195%. O consumo médio de frango saltou de 2 quilos em 1980 para quase 48 quilos por habitante ao ano. Houve um extraordinário crescimento da oferta e uma redução constante dos preços, resultado da intensificação e tecnificação da avicultura.


Criação de galos e galinhas em granja avícola, no Brasil

A Associação Brasileira de Proteína Animal destaca: 67% da proteína produzida em solo nacional fica para o mercado interno. Ainda assim, o Brasil é o maior exportador e o segundo produtor mundial de carne de frango. Em 2022, exportou 4,8 milhões de toneladas, a mais de 150 países. Aqui, o consumo total de carne se situa num terceiro grupo de países, na faixa de 80 a 90 quilos por habitante ao ano, com Uruguai, Eslovênia, Inglaterra e outros. Ele é mais de dez vezes superior ao de países africanos como Eritreia, Etiópia, Moçambique, Gâmbia, Malawi, Ruanda, Níger e outros.

A Organização Mundial da Saúde recomenda consumir 70 gramas de carne por dia para homens e 55 gramas para mulheres (um bife magro e pequeno). Por ano, os homens deveriam consumir 25,5 quilos de carne; e as mulheres, 20 quilos. Apesar do crescente número de veganos e vegetarianos, das “carnes” vegetais, das promessas de “carne” de laboratório e dos riscos associados ao consumo de carne, sobretudo as processadas, há gente comendo muito além do adequado.

Além de argumentos éticos e morais contra matar animais e até explorá-los, o consumo de carne enfrenta outras críticas. Ele é responsabilizado por parte das “mudanças climáticas”, dada a produção mesentérica de gases de efeito estufa pelos ruminantes e o desmatamento resultante da extensão das pastagens. Reduzir os rebanhos não é só um apelo ambientalista. Agora começa a ser política de Estado, praticada como crença religiosa, como na Holanda. E lá, com forte resposta política de produtores batavos. Campanhas como a “Segunda Sem Carne“, surgida nos Estados Unidos em 2003, levaram à demissão do diretor de marketing do Bradesco em caráter irrevogável, em 2022, diante da forte reação dos pecuaristas brasileiros. Já os movimentos pelo bem-estar animal contribuíram para a incorporação do tema e a evolução dos sistemas de produção de carne, leite e ovos.

Propaganda do Bradesco que incentiva os consumidores a evitar comer carne às segundas-feiras, CLIQUE AQUI.

Em última instância, muitos movimentos contra o consumo de carne e os sistemas modernos de produção defendem a extinção da pecuária. No pano de fundo inconsciente de todos, há uma crítica milenar à carne, como algo negativo, aplicada aos próprios humanos. Baseada até em distorcidos argumentos bíblicos sobre nossa animalidade.

A palavra “carne” vem do latim caro, do indo-europeu ker-, e significa “cortar, tirar pedaços”. Com simplismo, certas doutrinas espiritualistas e narrativas religiosas opõem a carne ao espírito na pessoa humana. Na tradição ocidental, judaica e cristã, a carne não pode ser identificada com o corpo nem com a matéria. Há erros históricos na compreensão desse tema. A carne é o complexo psicofísico humano em sua existência concreta e total. Ela é o fundamento último e a expressão da pessoa, carregada e expressa no corpo. A carne é, ontologicamente, acme do Eros.

Na mitologia grega, Eros era filho de Vênus e o Deus do Amor. No sentido psicológico, Eros traz à lembrança o princípio da ação, símbolo do desejo, cuja energia é a libido. Por que a erótica palavra “carne” se presta a tanta confusão? Para muitos, a carne “é fraca” por ser ligada à matéria. E torna-se um equivalente do mal, sinal de pecado e perdição. Não seria a carne de essência divina, como a psique?


Estátua de Eros em Piccadilly Circus, Londres

A etimologia grega da palavra “carne” é kreas; da mesma raiz, kreion, “o chefe soberano”; kreisson, “o melhor”; kratos, “a força”; como Creonte na Antígona e kreiussa, “a rainha”. Por essas palavras, em particular a última, à luz do grego, a carne é ligada ao feminino, ao melhor, ao mais forte e à realeza.

A tradição judaica confirma o mesmo entendimento: a palavra basar (“carne”) é escrita, em hebraico, com três letras: beit, shim e reich. A letra shim, no centro, detém o Shem, “o segredo do Nome (D-us), força e realeza”. A palavra basar pode ser lida como “no principado”, invertendo-se uma letra. À luz do hebraico, a carne, basar, é o lugar do último casamento do Homem com si mesmo, na realeza adquirida na essência. A carne é boa. Toda carne é boa?

Quando o potencial erótico da carne é levado ao exterior do ser, pode ser fonte de todos os males. Quando alimenta fixação, apego exagerado a uma pessoa, objeto ou situação. Quando o potencial erótico é fonte interior de sabedoria e de desfrute espiritual, o humano aproxima-se de sua essência. Adão, diante da criação de Eva, proclama: “Esta aqui é osso dos meus ossos, carne de minha carne” (Gênesis 2:23). Ela é “essência de minha essência”.


Adão e Eva, em A Queda do Homem, por Hendrick Goltzius, 1616

“O termo de toda a carne é chegado diante da minha face, diante de mim” (Gênesis 6:13), diz Deus a Noé. A expressão “diante de mim” representa o nível ontológico. “Toda a carne”, kol basar em hebreu, equivale ao pan kreas grego, com toda a simbologia desse órgão. Toda a carne será mobilizada por Deus para entrar em seu termo, realização, acabamento e profundidade. Como na profecia de Jeremias: “Eu, o Senhor, sou o Deus de toda a carne” (Jeremias 32:27).

A carne é forte. O mundo seguirá carnívoro. E não vegetariano ou antropofágico, como desejava o Modernismo brasileiro

A carne, basar, leva uma mensagem, um anúncio. Não é uma má notícia. A palavra “boa-nova”, “evangelho” — euangelion em grego —, é besorá em hebraico. Tem a mesma raiz de “carne”, basar. A realização de toda carne, na totalidade, no sentido antropológico, econômico, social e cultural é promessa evangélica, entendida, em parte, como o progresso no Ocidente.

A carne é forte. O mundo seguirá carnívoro. E não vegetariano ou antropofágico, como desejava o Modernismo brasileiro. O país seguirá produzindo, exportando e consumindo carnes, as mais diversas, cada vez mais. Sinal de progresso, tecnologia, inovação e competitividade.

A carne é fraca. Apesar dos ideais do veganismo e de outras perspectivas vegetarianas, dos delicta carnis e dos avisos e campanhas, as falsas promessas de picanha ao povo pobre ainda ajudam a ganhar eleição no Brasil e alhures. Sinal de?

Na busca humana de nossa humanidade, esta carne e este corpo são nossa última terra! Respire, caro de carne mea. Haverá sempre um abismo entre esta realidade ontológica, a busca desta terra essencial e de seu hálito, e o comer carne ou abóbora, como se picanha fosse, na laje. N’en déplaise.


Rebanho de gado Nelore na Região Nordeste do Brasil 

Por Evaristo de Miranda

Original de Revista Oeste

Jurídico, Gestão, Inovação e Tecnologia são os quatro pilares de consultoria e assessoria no Agronegócio da Foraster Agrointeligência.

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