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Rio Grande do Sul investe em tecnologia para elevar qualidade; estado tem único painel do país que avalia características do produto. Reportagem em vídeo, Clique Aqui.

Os primeiros olivais plantados no Rio Grande do Sul datam de 2005. Mesmo recente, a atividade tem um alto grau de profissionalização e avança pelo estado. Segundo o Cadastro Olivícola do Rio Grande do Sul 2022, feito em uma parceria entre Secretaria da Agricultura e a Emater-RS, a área plantada é de 5.986 hectares, um avanço de 72% em relação aos dados do cadastro anterior, realizado em 2017.

O número de produtores cresceu em proporção maior que a área, totalizando 321, um aumento de mais de 121%. A atividade está presente em quase todas as regiões gaúchas, abrangendo 110 municípios.

Os dados oficiais da safra 2021/22 ainda não foram divulgados, mas o Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva) estima que a produção vai ultrapassar os 500 mil litros de azeite de oliva extravirgem. E a expectativa é de crescimento anual, com a entrada de novos olivais em produção.

O Ibraoliva projeta que, até 2025, o Brasil atinja 20 mil hectares plantados, puxado pela produção gaúcha, responsável por cerca de 80% do total nacional. Além do Rio Grande do Sul, estados como Minas Gerais e São Paulo também investem na atividade.

Modernização em processo

A olivicultura exige alto investimento inicial, e a primeira produção ocorre em três ou quatro anos. Por isso atrai empresários de outros setores. Um deles é Milton Vignatti, que resolveu investir em uma área no município de Dom Feliciano (RS). Hoje ele possui cerca de 100 hectares. A safra atual rendeu 20 mil litros.

“Podemos dizer que foi a nossa melhor colheita. Estamos colhendo neste ano 150 mil quilos de azeitonas das mais variadas, para um total de 80 mil no ano passado. A gente praticamente dobrou de 2022 para 2023”, conta Vignatti.

Além de um lagar próprio, local que faz a extração do azeite para a fazenda e para outras que não contam com o espaço, o produtor investiu em um shaker. O equipamento importado da Espanha agiliza a colheita que, antes, era feita somente via manual.



“Ele vibra a árvore. Então ele te traz um rendimento de colheita em torno de 40% a mais do que o trabalho manual diário”, comenta. Quanto mais rápido o tempo entre a retirada da azeitona do pé e a extração do azeite, melhor a qualidade deste.

Fiscalização de azeite tem qualidade como alvo

Os azeites gaúchos conquistaram mais de 130 premiações no ano passado e devem faturar novas medalhas em 2023. O Ibraoliva busca informar ao consumidor sobre a qualidade do produto, pois grande parte dos produtos importados que chegam aqui como extravirgem não são de fato o que prometem no rótulo.

“Esse azeite que vem pra cá, certamente uma grande parte, não é extravirgem, que é a classificação máxima do azeite de oliva de ótima qualidade. Portugal, por exemplo, não produz o suficiente nem para o consumo interno e é nosso maior fornecedor. Se a gente pegar aleatoriamente esses azeites que temos no mercado, em todos eles está escrito extravirgem no rótulo e isso não atende à norma internacional. Geralmente, o que vem para cá é azeite velho ou de prensagem inferior”, relata o diretor-técnico do Ibraoliva, Alcyr Cardoso.

Os azeites brasileiros abastecem apenas cerca de 10% da demanda nacional. O restante vem de importação. São esses azeites que estão no alvo do painel sensorial oficial do azeite de oliva. O grupo de degustadores é certificado pelo Conselho Oleícola Internacional (COI) desde 2021.

O painel é formado por pessoas treinadas para identificar aromas e sabores no azeite de oliva e é realizado pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária no Rio Grande do Sul (LFDA-RS).

Para o chefe de painel sensorial, o professor Juliano Garavaglia, da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), essa certificação vai além da fiscalização, pois atesta a qualidade das análises realizadas pelo painel sensorial.

“Estamos alinhados com outros laboratórios de todo o mundo, demonstrando que os resultados obtidos, seja na intensidade de aspectos positivos ou defeitos dos azeites, estão de acordo com as normativas internacionais. Também é importante para comparar dados sensoriais de cada azeite, oriundos de diferentes regiões do país, diferentes azeitonas, pontos de maturação e assim, melhorar toda a cadeia produtiva, buscando azeites de alta qualidade e com características sensoriais bem definidas e classificadas”, afirma o professor.

Fraudes e defeitos



O azeite de oliva é o segundo produto mais fraudado do mundo, de acordo com o Ministério da Agricultura. Para ser de fato extravirgem, deve ter uma série de características como baixa acidez, aroma e gosto de frutado fresco da azeitona e sem defeitos como cheiro de mofo, ranço ou vinagre.

“A ausência de defeitos vai revelar a qualidade do azeite. Agora, o contrário não. Não pode haver qualidade sensorial se houverem defeitos. E esses defeitos são avaliados, primeiramente, antes do critério de qualidade, através do aroma e de provar esse azeite em boca. Uma vez presentes, esse azeite não pode ser declarado extravirgem. Ele deixa de ter o que ele deveria ter de maior proeminência que é a qualidade sensorial, afinal azeite é um alimento”, relata o auditor fiscal federal Paulo Celso.

O painel sensorial funciona a partir de uma seleção e de treinamentos periódicos, no mínimo semanal, dos avaliadores. Esses processos são conduzidos por um chefe de painel, que tem uma capacitação específica e aprofundada nos ensaios sensoriais de azeite de oliva.

Uma vez que o grupo é formado, as amostras de azeite são provadas às cegas; cada avaliador registra suas percepções e o chefe de painel avalia as medianas bem como controles de validade de resultados de uma sessão. Caso seja detectada uma fraude, um relatório é emitido ao Mapa para que proceda à fiscalização, devidas autuações e retirada de pontos de venda.

Paralelamente, são realizadas análises físico-químicas de rotina de azeite de oliva desde 2016, em atendimento aos requisitos definidos pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal da Secretaria de Defesa Agropecuária. E é por meio delas que se pode detectar fraudes e verificar se o produto está sendo comercializado com a classificação adequada.

A partir desse reconhecimento, será trabalhado a implementação do método na rotina para garantir que o azeite de oliva extravirgem que chega à mesa do consumidor brasileiro seja um produto de qualidade.

Original de Canal Rural

Jurídico, Gestão, Inovação e Tecnologia são os quatro pilares de consultoria e assessoria no Agronegócio da Foraster Agrointeligência.

Contato@foraster.com.br

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Modernização Impulsiona Produção Gaúcha de Azeite de Oliva

Rio Grande do Sul investe em tecnologia para elevar qualidade; estado tem único painel do país que avalia características do produto. Reportagem em vídeo, Clique Aqui.

Os primeiros olivais plantados no Rio Grande do Sul datam de 2005. Mesmo recente, a atividade tem um alto grau de profissionalização e avança pelo estado. Segundo o Cadastro Olivícola do Rio Grande do Sul 2022, feito em uma parceria entre Secretaria da Agricultura e a Emater-RS, a área plantada é de 5.986 hectares, um avanço de 72% em relação aos dados do cadastro anterior, realizado em 2017.

O número de produtores cresceu em proporção maior que a área, totalizando 321, um aumento de mais de 121%. A atividade está presente em quase todas as regiões gaúchas, abrangendo 110 municípios.

Os dados oficiais da safra 2021/22 ainda não foram divulgados, mas o Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva) estima que a produção vai ultrapassar os 500 mil litros de azeite de oliva extravirgem. E a expectativa é de crescimento anual, com a entrada de novos olivais em produção.

O Ibraoliva projeta que, até 2025, o Brasil atinja 20 mil hectares plantados, puxado pela produção gaúcha, responsável por cerca de 80% do total nacional. Além do Rio Grande do Sul, estados como Minas Gerais e São Paulo também investem na atividade.

Modernização em processo

A olivicultura exige alto investimento inicial, e a primeira produção ocorre em três ou quatro anos. Por isso atrai empresários de outros setores. Um deles é Milton Vignatti, que resolveu investir em uma área no município de Dom Feliciano (RS). Hoje ele possui cerca de 100 hectares. A safra atual rendeu 20 mil litros.

“Podemos dizer que foi a nossa melhor colheita. Estamos colhendo neste ano 150 mil quilos de azeitonas das mais variadas, para um total de 80 mil no ano passado. A gente praticamente dobrou de 2022 para 2023”, conta Vignatti.

Além de um lagar próprio, local que faz a extração do azeite para a fazenda e para outras que não contam com o espaço, o produtor investiu em um shaker. O equipamento importado da Espanha agiliza a colheita que, antes, era feita somente via manual.

“Ele vibra a árvore. Então ele te traz um rendimento de colheita em torno de 40% a mais do que o trabalho manual diário”, comenta. Quanto mais rápido o tempo entre a retirada da azeitona do pé e a extração do azeite, melhor a qualidade deste.

Fiscalização de azeite tem qualidade como alvo

Os azeites gaúchos conquistaram mais de 130 premiações no ano passado e devem faturar novas medalhas em 2023. O Ibraoliva busca informar ao consumidor sobre a qualidade do produto, pois grande parte dos produtos importados que chegam aqui como extravirgem não são de fato o que prometem no rótulo.

“Esse azeite que vem pra cá, certamente uma grande parte, não é extravirgem, que é a classificação máxima do azeite de oliva de ótima qualidade. Portugal, por exemplo, não produz o suficiente nem para o consumo interno e é nosso maior fornecedor. Se a gente pegar aleatoriamente esses azeites que temos no mercado, em todos eles está escrito extravirgem no rótulo e isso não atende à norma internacional. Geralmente, o que vem para cá é azeite velho ou de prensagem inferior”, relata o diretor-técnico do Ibraoliva, Alcyr Cardoso.

Os azeites brasileiros abastecem apenas cerca de 10% da demanda nacional. O restante vem de importação. São esses azeites que estão no alvo do painel sensorial oficial do azeite de oliva. O grupo de degustadores é certificado pelo Conselho Oleícola Internacional (COI) desde 2021.

O painel é formado por pessoas treinadas para identificar aromas e sabores no azeite de oliva e é realizado pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária no Rio Grande do Sul (LFDA-RS).

Para o chefe de painel sensorial, o professor Juliano Garavaglia, da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), essa certificação vai além da fiscalização, pois atesta a qualidade das análises realizadas pelo painel sensorial.

“Estamos alinhados com outros laboratórios de todo o mundo, demonstrando que os resultados obtidos, seja na intensidade de aspectos positivos ou defeitos dos azeites, estão de acordo com as normativas internacionais. Também é importante para comparar dados sensoriais de cada azeite, oriundos de diferentes regiões do país, diferentes azeitonas, pontos de maturação e assim, melhorar toda a cadeia produtiva, buscando azeites de alta qualidade e com características sensoriais bem definidas e classificadas”, afirma o professor.

Fraudes e defeitos

O azeite de oliva é o segundo produto mais fraudado do mundo, de acordo com o Ministério da Agricultura. Para ser de fato extravirgem, deve ter uma série de características como baixa acidez, aroma e gosto de frutado fresco da azeitona e sem defeitos como cheiro de mofo, ranço ou vinagre.

“A ausência de defeitos vai revelar a qualidade do azeite. Agora, o contrário não. Não pode haver qualidade sensorial se houverem defeitos. E esses defeitos são avaliados, primeiramente, antes do critério de qualidade, através do aroma e de provar esse azeite em boca. Uma vez presentes, esse azeite não pode ser declarado extravirgem. Ele deixa de ter o que ele deveria ter de maior proeminência que é a qualidade sensorial, afinal azeite é um alimento”, relata o auditor fiscal federal Paulo Celso.

O painel sensorial funciona a partir de uma seleção e de treinamentos periódicos, no mínimo semanal, dos avaliadores. Esses processos são conduzidos por um chefe de painel, que tem uma capacitação específica e aprofundada nos ensaios sensoriais de azeite de oliva.

Uma vez que o grupo é formado, as amostras de azeite são provadas às cegas; cada avaliador registra suas percepções e o chefe de painel avalia as medianas bem como controles de validade de resultados de uma sessão. Caso seja detectada uma fraude, um relatório é emitido ao Mapa para que proceda à fiscalização, devidas autuações e retirada de pontos de venda.

Paralelamente, são realizadas análises físico-químicas de rotina de azeite de oliva desde 2016, em atendimento aos requisitos definidos pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal da Secretaria de Defesa Agropecuária. E é por meio delas que se pode detectar fraudes e verificar se o produto está sendo comercializado com a classificação adequada.

A partir desse reconhecimento, será trabalhado a implementação do método na rotina para garantir que o azeite de oliva extravirgem que chega à mesa do consumidor brasileiro seja um produto de qualidade.

Original de Canal Rural

Jurídico, Gestão, Inovação e Tecnologia são os quatro pilares de consultoria e assessoria no Agronegócio da Foraster Agrointeligência.

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